sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O AMOR É UMA VIAGEM PARA DENTRO DE NÓS


Certamente cada um de nós, pelo menos uma vez na vida, refletiu sobre o amor. Essa energia que movimenta toda a humanidade, muito mais preciosa que o ouro, e de cuja existência às vezes se duvida. É procurada nos outros, em nós mesmos, nos livros e, quando não é encontrada, leva à dolorosa sensação de solidão.

Comecemos nossa reflexão vendo o que "não é amor". Há uma confusão muito grande entre o amor verdadeiro e um produto similar chamado amor de troca - uma conduta usada como moeda, para dar direito a cobrar determinados comportamentos dos companheiros. Exemplo típico disso é a eterna cobrança: "Eu sempre cuidei de você, agora que preciso não o tenho comigo".

O amor é uma energia que cresce dentro de nós e nos convida a estar com o outro. Quando estamos em estado de amor, torna-se inevitável agir de forma amorosa. Portanto, o outro, no fundo, faz-nos um favor ao se deixar amar por nós.

O amor não é um convite à infelicidade. Quando, numa relação, as pessoas se sentem amarguradas, convém refletir cuidadosamente, pois o amor é uma energia que impulsiona para a vida. Quando estamos amando alguém, sentimo-nos vivos e em sintonia com o Universo. Amar não é viver assustado, procurando adivinhar o que o parceiro quer, para obter sua aprovação ou temendo o seu mau humor. O sentimento do amor nos dignifica e nos dá a verdadeira dimensão do nosso valor; faz-nos sentir que pertencemos à raça humana e que não somos meros complementos um do outro.

Declaração dos Direitos do Amor

· Duas pessoas podem viver juntas numa relação construtiva e amorosa, apesar de serem diferentes.
· Duas pessoas parecidas podem amar-se e viver juntas.
· A família pode ser um espaço aconchegante e cheio de estímulos para o crescimento.
· Uma mulher e um homem podem ter sucesso profissional, festejar juntos e continuar românticos.
· Um homem e uma mulher podem somar amor e sexo.
· A mulher, antes de tudo, é uma mulher.
· O homem, antes de tudo, é um homem.
· A individualidade pode ser preservada, ao mesmo tempo em que a relação é construída.
· Um homem e uma mulher podem confiar um no outro.
· Entregar-se não é submeter-se ao outro, mas render-se ao amor que o outro sente por nós.
· Uma relação pode acabar e, ainda assim, continuar havendo compreensão, proteção e respeito mútuo.
· Um ser humano só é livre quando ama.
· Amar alguém é chamá-lo para a vida e exercer o próprio ato de estar vivo.
· O ser humano não pode ser uma fome sem alimento, uma sede sem água, uma pergunta sem resposta, uma vida sem amor.
· Um homem e uma mulher podem encontrar, juntos, suas próprias soluções.
· O medo de amar é fruto da imaginação.
· Todos os seres humanos têm direito a cometer enganos.
· Amar pode dar certo.

Amar não é ficar parado, como um rei, esperando que o outro, pelo fato de estar sendo amado, sinta-se devedor de nosso sentimento.
O amor nos proporciona uma sensação de gratidão para com a existência; um sentimento de ser abençoado pela dádiva divina. E, em retribuição, somos levados a cuidar desse amor.



Amar não é simplesmente ter desejo sexual, que, apesar de ser algo incrível, não é o único elemento do amor. As pessoas que vêem o amor como algo puramente genital, em geral acabam por empobrecê-lo. Amar é uma viagem a ser feita com alguém, na qual, ao mesmo tempo em que desfrutamos essa entrega, desvendamos os mistérios que ela nos apresenta a cada momento.

O amor é uma força que nos leva a enfrentar todos os nossos medos, criados desde as primeiras experiências dolorosas de aproximação. Torna-nos corajosos e ousados, prontos a desafiar o tédio e o comodismo, a enfrentar o desafio do cotidiano, sem deixá-lo transformar-se em rotina.

Proporciona-nos uma postura de aprendiz, concedendo-nos a suprema compreensão de que, quando somos levados pelo impulso do amor, realizamos algo. No amor, não estamos nos submetendo ao outro, mas sim obedecendo às ordens de sábio que existe dentro de nossos corações. O amor nos dá coragem para enfrentar todas as mensagens negativas ouvidas na infância, do tipo "homem não presta", que poluem nossos pensamentos.

Não podemos exigir a perfeição do ser amado, pois, como dizia Aristóteles: "O amor é o sentimento dos seres imperfeitos, posto que a função do amor é levar o ser humano à perfeição". O amor é um convite a estar com o outro, porque, segundo Francesco Alberoni: "É um estado nascente de um movimento a dois; é um querer estar compartilhando alegrias e dores, problemas e soluções com o ser amado".
O amor leva-nos a respeitar a nossa própria individualidade e a do outro, pois, de acordo com Rajneesh: "Viver é como o ciclo respiratório. Na inspiração entra-se em contato consigo próprio, é o estar só, é o momento em que se carrega o coração de energia, é a maturação do feto, a preparação do botão de rosa. E na expiração dá-se o encontro, o desabrochar do amor, o renascimento com o outro, 'o ser' com o outro. A respiração não é possível sem os dois movimentos. Precisamos da inspiração tanto quanto da expiração".

O amor é a força que nos torna guerreiros, sem revolta; como afirmava Erich Fromm: "Amar é comprometer-se sem garantias; entregar-se completamente, com a esperança de que nosso amor produza amor na pessoa amada".

O amor é uma viagem para dentro de nós, em busca de respostas que nos revelem o que está certo conosco, mesmo que o outro esteja sendo desleixado com nosso amor. Porque, como dizia Antoine de Saint-Exupéry, "o amor é o processo em que você me mostra o caminho de retorno a mim mesmo".
A palavra amor é muito limitada para expressar a totalidade do seu significado e, por isso, ao procurarmos conceituar o sentimento, é inevitável que o limitemos.
O amor é muito mais que o encontro de dois corpos, muito mais que a união entre duas pessoas. É a própria consciência da Existência: a crença nas forças divinas, que cuidam de todo universo e que nos levam um ao outro, com a mesma fluidez com que aproximam uma nuvem de uma montanha, que nos proporcionam uma força sobre-humana, que dão energia ao vento, ao mar e à chuva e que nos tornam grandes como pinheiros gigantescos. No amor seguimos um caminho, realizando uma história, cujo final, apesar de todo o nosso conhecimento, só vamos saber quando a completarmos. A única certeza que temos é a de que o amor é uma condição inerente ao ser humano. Assim como a flor emana o seu perfume, o homem naturalmente escala o amor. Isso é tão inevitável quanto é impossível proibir a terra molhada de desprender seu cheiro.

Roberto T. Shinyashiki ("O Amor pode dar certo", Editora Gente)

Um comentário:

~*Rebeca*~ disse...

Daiane,

A blogosfera tem muita coisa linda de ser lida, principalmente quando se fala de amor. Amor de todas as maneiras e níveis são sempre bem-vindos.

Espero não perder contato, viu?

=]

Beijo grande, menina linda.

Rebeca

-